“Certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, chegando do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz” (Marcos 15:21). Simão resmunga em voz baixa. Sua paciência é tão escassa quanto o espaço nas ruas de Jerusalém. Ele esperava uma Páscoa tranquila. A cidade está tudo menos calma. Simão prefere seus campos abertos. E agora, ainda por cima, os guardas romanos estão abrindo caminho para algum quem-sabe-que-dignitário marchar com seus soldados e andar pomposo com seu garanhão pelo povo. “Lá está ele!” A cabeça de Simão e uma dúzia de outras se viram. Em um instante eles entendem. Não é nenhum dignitário. “É uma crucificação”, ele ouve alguém sussurrar. Quatro soldados. Um criminoso. Quatro lanças. Uma cruz. O canto interno da cruz está apoiado sobre os ombros do condenado. Sua base arrasta no chão. Seu topo balança no ar. O condenado equilibra a cruz o melhor que pode, mas tropeça por causa do seu peso. Ele empurra seus pés e joga-se para frente antes de cair de novo. Simão não consegue ver o rosto do homem, apenas uma cabeça envolta por ramos espinhosos. O rosto carrancudo do centurião fica mais agitado a cada passo reduzido. Ele amaldiçoa o criminoso e a multidão. “Anda logo!” “Pouca chance disso acontecer”, Simão diz para si mesmo. O carregador da cruz para ofegante na frente de Simão. Simão estremece com o que vê. A viga esfregando nas costas já em carne viva. Riachos carmesins riscando o rosto do homem. Sua boca aberta por causa da dor e da falta de ar. “O nome dele é Jesus”, alguém fala baixinho. “Anda!”, manda o executor. Mas Jesus não consegue. Seu corpo se inclina e seus pés tentam, mas ele não consegue se mover. A viga começa a balançar. Jesus tenta equilibrá-la, mas não consegue. Como uma árvore recém-cortada, a cruz começa a cair em direção à multidão. Todos se afastam, exceto o lavrador. Simão instintivamente estende suas mãos fortes e pega a cruz. Jesus cai com o rosto no chão e fica ali. Simão empurra a cruz de volta ao seu lado. O centurião olha para o Cristo exausto e para o corpulento espectador e precisa apenas de um instante para tomar a decisão. Ele pressiona a parte plana de sua lança nos ombros de Simão. “Você! Leve a cruz!” Simão ousa contestar, “Senhor, eu nem conheço o homem!” “Não me importa. Tome a cruz”. Simão resmunga, equilibra a madeira em seu ombro e sai da multidão para a rua, do anonimato para a história e torna-se o primeiro em uma fila de milhões que tomarão a cruz e seguirão Cristo. Ele fez literalmente o que Deus nos chama para fazer figurativamente: tomar a cruz e seguir Jesus. “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). |
Notas:
Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques Almeida
Texto original extraído do site www.maxlucado.com
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