quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

É Triste Sepultar Amigos!


Tive muitos amigos assim que abracei a fé cristã. Um deles foi especial. Crescemos juntos na mesma igreja e freqüentávamos um a casa do outro. Estávamos nos ensaios da mocidade, saímos para pizzarias depois do culto. Jogávamos bola, fazíamos evangelismos nas casas e na antiga FEBEM (atual fundação CASA). Éramos dois jovens crentes, interessados em Deus, na evangelização e na comunhão dos irmãos. Os anos passaram, as nossas vidas tomaram outros rumos. Nossos interesses e dons apontavam para caminhos distintos. Ele se casou com uma bela jovem, também crente e teve dois filhos.
Ai veio o vício. De repente, tornou-se alcoólatra. Depois de aprontar um bocado, sendo policial foi convidado a sair da corporação. Tornou-se autônomo, com mais tempo livre para abusar da vida. Por três vezes a mulher separou-se dele. Ficava fora, não mais que um mês e reatava o casamento. Seus filhos cresceram e tornaram- se lindos adolescentes. O tempo passou, vieram outros problemas e agora, estava separado há mais de seis meses da esposa e dos filhos. Eles não agüentavam mais a inconstância e os maus tratos daquele marido e pai.
Um amigo, securitário, abrigou-o em seu escritório nesse tempo. Prestava-lhe pequenos serviços e com isso pagava a hospedagem e dispunha de algum dinheirinho. No espaço de quatro dias ligou para duas pessoas da família: o cunhado e o irmão. Ambos perceberam com clareza sua embriaguez e a falta de sentido no que falava. O último telefonema foi num sábado. Passou o domingo. Na segunda-feira pela manhã o amigo que lhe acolhera no escritório teve uma desagradável surpresa. Quando abriu a porta, o encontrou caído no chão do escritório e uma enorme mancha escura, que cobria seu peito e parte do seu rosto, denunciava o enfarto fulminante causador da sua morte, naquela solidão triste, destituído da esposa, dos filhos, dos irmãos e dos amigos. Parentes de variadas partes da cidade e do interior vieram para o seu sepultamento. Sendo eu o único pastor presente tive a oportunidade de dirigir aquela reunião simples e muito objetiva, lendo o salmo 23, orando o Pai Nosso e tentando dar-lhes alguma palavra consoladora.
É triste sepultar amigos. Especialmente quando estes têm pouca idade e produziram tão pouco, e não apenas pela pouca idade, mas, sobretudo porque se desviaram do caminho e se entregaram a algum tipo de vício que comprometeu suas essências, gastando assim a curta vida em tristeza e desespero. Sai do cemitério de Vila Alpina naquela tarde nublada lamentando a perda do amigo. Mas, também refletindo sobre a necessidade que todos temos de pertencermos a uma comunidade cristã, onde podemos nos manter cada vez mais firmes na fé, na esperança e no amor. E ainda que desenvolvamos algum tipo de vício é, também, neste lugar que encontraremos terapia e cura. Que pena! Esta não foi a experiência do meu amigo.

Pr. Luciano Alves

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