Exortações Para a Conduta do Cristão
Estrutura
2 Pedro 2.1-25 está dividido em quatro seções: (a) vv. 1-8; (b) vv. 9,10; (c) vv. 11-17; (d) vv. 18-25. O principal objetivo deste capítulo é exortar os cristãos à santidade e excelência moral nos relacionamentos sociais.
Para cumprir esse propósito, o apóstolo apresenta uma breve lista de vícios (v.1), intermediando com a real identidade do crente e de Cristo (vv.2-10), bem como dos deveres sociais dos santos (vv.11-25). Trata-se, segundo Lohse, de um extenso catálogo de normas para a vida doméstica (2.11-3.12)[1].
Emolduram-se citações veterotestamentárias às exortações gerais de conduta nas perícopes: vv.6-9. O procedimento do cristão-cidadão para com o Estado semelha em estilo e vocabulário à epístola aos Romanos 13.
Os versículos 11 e 12 são a chave para compreendermos o propósito e estrutura desta contundente parênese. Por meio dos termos epithymia(evpiqumi,a) – desejo –, sarks (sa,rx) – carne –, e psichē (yuch,) – alma [eu] –, o literato emprega um vocabulário que descreve uma forte tensão espiritual e moral na pessoa (Rm 7). Conforme Barth, “a existência do homem é a luta entre duas vontades, e a admoestação consiste em combater esses desejos e rejeitá-los”[2].
Apesar de haver uma estrutura coerente e pertinente ao propósito da perícope, dividiremos o presente capítulo em quatro unidades temáticas.
I. A identidade peregrina do cristão (vv.5,9,10,25).
· Forasteiros (paroi,kouj) e peregrinos (parepidh,mouj), v.11, concepção que não é originalmente petrina, mas figura extraída da identidade dos fiéis no Antigo Testamento (Abraão [Gn 15.13;23.4]; Davi [1 Co 29.15], etc.) Nas páginas do Novo Testamento, o conceito encontra-se em Ef 2.19; Fp 3.20; Hb 11.9,13, etc.
· Pedras vivas (li,qoi zw/ntej), v.5, conceito extraído da relação entre Jesus, o edificador (oivkodespo,thj), e a Igreja, a casa espiritual (oi=koj peneumatiko.j), constituída para exercer o sacerdócio santo e real (Mt 16.18; Hb 3.2-5). O próprio Cristo é a Pedra Angular, v.6s – detropeço e escândalo para os infiéis e de acesso e edificação para os crentes, vv.8,9. Ver Is 8.14;28.16. Pedro associa essa imagem aos conceitos apostólicos de 2 Co 6.16; Ef 2.19-22; 1 Tm 3.15; Hb 10.21. Ver Mc 14.58 e 1 Pe 4.17.
· Geração eleita (ge,noj evklekto,n). Uma série de títulos de honra de Israel extraídos de Êx 19.6 e Is 43.20 são aplicados à comunidade cristã. Os cristãos já foram chamados de “estrangeiros eleitos”, na fórmula triádica de 1.1,2; agora, “geração ou povo eleito”;sacerdócio real (Ap 1.6; 5.10); nação santa; povo adquirido(Tt 2.14; ver Rm 9.7; Gl 3.29; 6.16), tudo com o propósito de anunciar as virtudes salvíficas de Cristo (v.9; Mt 28.19,20; Mc 16.15). Esses título honoríficos acentuam a dignidade e excelência da Igreja diante do Senhor e perante o mundo.
II. A natureza do cristão (vv.1,2,11,12).
Essa natureza é santa, oposta a toda malícia (kaki,a – malignidade, maldade, perversidade), Rm 1.29; Ef 4.31; 1 Co 5.8, todo engano (do,loj – armadilha, estratagema para capturar, fraude), Mt 26.4; Mc 7.22; 14.1, e fingimentos(u`pokri,seij – ator de teatro; hipócrita, fraudulento), Mt 6.2,5,16;7.5, e invejas(fqo,nouj – ciúme, rancor), Mt 27.18; Mc 15.10, e murmurações (katalalia,j – fofocar, falar contra, caluniar, detração, difamação), Tg 4.11; 2 Co 12.20; 1 Pe 3.16.
III. O comportamento do crente (vv.1,2,11-13,18-25).
(a) Consigo (vv.1,2,11); (b) os outros (v.12); (c) e autoridades (vv.13). Independente de sua classe social, mas seguindo o exemplo de abnegação de Cristo (vv.18-25).
IV.A identidade de Cristo (vv.4,6-8,25).
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