terça-feira, 29 de novembro de 2011

Emilio Conde batizado na CCB


Emilio Conde , chamado de apóstolo da imprensa evangélica pentecostal no Brasil, era italiano e Deus o converteu através da Congregação Cristã no Brasil. Sua contribuição é imensa para a CPAD, editora da Igreja Assembleia de Deus, igreja que desde o seu início preocupou-se em divulgar o evangelho através da impressão de pequenos jornais e posteriormente livros.

É lamentável que a denominação de origem de Emílio Conde nunca tenha tido esta iniciativa, tanto para divulgar a mensagem cristã como para possuir um órgão de comunicação com seus membros através da escrita. Com seu talento, Emílio Conde marcou a história da AD e ficamos a imaginar, quantos homens de Deus como ele, talentosos, nestes 100 anos de CCB, deixaram de ser aproveitados para o bem da irmandade e da divulgação do evangelho do Senhor Jesus Cristo.

Nasceu no dia 8 de outubro de 1901, em São Paulo. Seus pais, João Batista Conde e Maria Rosa eram de origem italiana. Conseqüentemente, o primeiro contato de Emílio com o Evangelho foi na Congregação Cristã no Brasil, fundada por italianos.

Ali, o futuro escritor evangélico creu em Jesus Cristo e se tornou membro da igreja no dia 21 de abril de 1919, sendo em seguida batizado com o Espírito Santo. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, passou a freqüentar a Assembléia de Deus na Rua Figueira de Melo, 232, em São Cristóvão, pastoreada na época pelo missionário Samuel Nyström. Entusiasmado com o calor espiritual dos que ali se reuniam para cultuar a Deus, Emílio Conde transferiu-se de sua denominação e tornou-se membro dessa igreja.

Os anos que se sucederam foram empregados na busca incansável dos meios, os melhores que fossem, de agradar a Cristo. Era mister servi-lo com toda integridade de coração e amplitude de espírito. E Emílio Conde passou a empregar as suas horas vagas no estudo e meditação dos conhecimentos bíblico e humano. Eram necessárias bases sólidas para a construção do edifício espiritual que iria surgir de suas mãos.

Principiou pelo conhecimento de sua língua, e depois de dominá-la satisfatoriamente, passou ao aprendizado de outras. Aprendeu o inglês e o francês, sendo-lhe assim fácil o acesso à literatura desses idiomas, tão ricos em livros de inspiração evangélica. Leu boas obras ainda não traduzidas para o português. Foi um perfeito autodidata. Sua curiosidade abrangia vários ramos da cultura humana. Cabe porém salientar daqui que estas leituras não o desviaram da Bíblia, pois era do seu conhecimento que "por abundantes que sejam os regatos, mais agradável é beber na fonte".

Deste modo, dia a dia ele perseverava na oração e na leitura da Palavra de Deus, fazendo grandes progressos nos caminhos do Espírito. Era costume seu isolar-se para meditar e sentir "a largura, o comprimento, a altura, e a profundidade do amor de Cristo que excede todo o entendimento" (Efésios .18,19)

Em 1937, o missionário Nils Kastberg encontrou-o trabalhando como intérprete em um restaurante do Rio de Janeiro. A Casa Publicadora começava a surgir nesse ano. – “Irmão Conde, necessitamos de alguém para atender ao expediente da redação de nosso periódico, o ‘Mensageiro da Paz’. Sabemos que o irmão reúne em si todas as qualificações necessárias para tal cargo. O irmão aceita ser nosso redator?” Surpreso, antevendo a determinação divina que se sobressaía naquele convite tão simples, e sentindo-se tocado em um dos pontos fundamentais de sua vida, a sua vocação, aceitou. Era o amanhecer do ministério do apóstolo da imprensa evangélica pentecostal no Brasil.

Emílio Conde tratou de reunir então todo o material que havia acumulado durante anos e anos de estudos e pesquisas. Seus livros, seus cadernos de notas, trechos extraídos de muitas leituras, comentários feitos às margens das páginas dos inúmeros volumes que lera, esboços de obras em fase de conclusão, e, sobretudo,as revelações do Espírito Santo anotadas durante suas leituras bíblicas pela madrugada - tudo isso seria empregado na composição dos artigos que sairiam de suas mãos. Era necessário que surgisse uma genuína literatura pentecostal, uma fonte de onde jorrassem as cristalinas palavras ditadas pelo Espírito Santo,fundamentadas em Cristo, aprovadas pelo Senhor dos senhores.

Sua admissão oficial como funcionário da CPAD data de 15 de março de 1940. Desde o convite do missionário Nils Kastberg até aquela data, fora apenas colaborador. Daí por diante, por mais de trinta anos Emílio Conde dedicaria à CPAD seu talento, sua cultura, sua impressionante capacidade de trabalho, sua mente clara e fecunda.

Era um homem humilde, simples. Não costumava ostentar os conhecimentos que possuía. Entre os amigos, sua palavra simples e amena, dosada pelo bom humor e pela sinceridade, descontraía a todos que a ele se achegassem. Para os que se viam angustiados ou confusos, procurá-lo era encontrar nele um apoio, uma palavra amiga, esclarecida, experimentada, confortadora.

Seu trabalho na imprensa evangélica não foi uma profissão: foi um sacerdócio. Trabalhou para levar a semente da Palavra aos corações, e nisto empregou toda a sua vida. Deu-se a si mesmo, como está em 2 Coríntios 8.5: “...mas a si mesmo se deram, primeiramente ao Senhor e depois a nós, pela vontade de Deus.” E era tão grande seu amor por esse trabalho, que chegou a rejeitar muitas propostas de empregos extra-evangélicos, pois se os aceitasse, tornar-se-ia inepto para o desempenho da função que exercia. E, agindo assim, sempre esteve à altura da posição que ocupava, e sempre pronto a cooperar com a causa das Assembléias de Deus no Brasil.

Graças à sua maneira sóbria e digna de se conduzir, foi, entre nós, uma espécie de representante mor de nosso movimento em todos os meios sociais e evangélicos. De 1946 a 1958 representou oficialmente as Assembléias de Deus no Brasil nas Conferências Mundiais Pentecostais, havendo estado em Estocolmo, Londres e Toronto. E foi também, durante muitos anos, nosso representante, não só na Diretoria, mas também nas Comissões da Sociedade Bíblica do Brasil.

Quando principiou a escrever em função do Evangelho, eram poucos os que entre nós podiam e se prestavam a tal ofício. Portanto, foi de sua caneta que fluiu a maioria dos artigos, das notícias e das reportagens usadas no nosso jornal e nas nossas revistas, e ainda nos livros da CPAD e tudo mais que ia do Sul ao Norte do Brasil para as nossas igrejas – as mensagens escritas para edificação dos fiéis.

Seu conhecimento e sua visão espiritual abrangia toda a comunidade evangélica brasileira. Empenhou-se a fundo em obter dados no Movimento Pentecostal no Brasil e no mundo e, como resultado, escreveu os livros: O Testemunho dos Séculos e História das Assembléias de Deus no Brasil (este último, reescrito e ampliado pela CPAD). Escreveu também os seguintes livros: Asas do Ideal, O Homem, Pentecostes para Todos, Igrejas sem Brilho, Nos Domínios da Fé, Caminhos do Mundo Antigo, Flores do Meu Jardim, Tesouros de Conhecimentos Bíblicos, e Estudos da Palavra.

Era, sobretudo, um homem de oração. Foi orando que recebeu de Deus inspiração para compor 25 hinos de nossa harpa, e outros, sendo dois em parceria com o missionário Nils Kastberg, e cinco com a missionária Eufrosine Kastberg. Integrou, durante muitos anos, o Coral da Assembléia de Deus em São Cristóvão, tendo sido também organista e acordeonista. Gostava muito de cantar, e todos quantos o ouviam, sentiam vibras as cordas de seu coração, pois ele estava sempre desejando “as ruas de ouro e cristal da formosa Jerusalém”.

Considerando o imenso e relevante trabalho por ele prestado à Assembléia de Deus no Brasil, foi lhe oferecido certa vez, por um grupo de pastores, o acesso ao Ministério do Evangelho, através de ordenação, mas ele recusou definitivamente.

Em janeiro de 1971, acometido de uma já antiga enfermidade, oriunda de complicações pós-operatórias, baixou o Hospital Evangélico, na Tijuca. Uma semana antes a irmã Didi, enfermeira que cuidou dele nos últimos meses, o encontrara dormindo com a caneta entre os dedos, debruçado totalmente sobre o trabalho inacabado. Seria sua última página escrita.

Aplicadas todas as forças da alma e do corpo para servir a Cristo, toda sua vida não lhe fora suficiente; era-lhe necessário passar para a eternidade e continuar servindo “Aquele que é mais sutil que o ar, mais ligeiro que o relâmpago, e cujo olhar é mais belo que um alvorecer de primavera, e mais suave que a claridade das estrelas”.

Ás 13.00 horas do dia 5 de janeiro de 1971, Emílio Conde dormiu no Senhor. Às 17.00 horas do mesmo dia seu corpo saía do Hospital Evangélico para ser velado no Templo da Assembléia de Deus em São Cristóvão, ficando próximo ao púlpito, aquele mesmo púlpito onde pregara tantas vezes e onde tantas vezes cantara. A rádio Nacional, a Tupi e a Globo noticiaram com detalhes o seu falecimento.


FONTE: Eles Andaram com Deus, pp 149-160, de Jefferson Magno Costa, Edição CPAD.

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